Según Quispe (2018, 72-73)
Sem dúvida, ao chegar a São Paulo a pessoa encontrara um tipo de identidade cosmopolita. Uma identidade cosmopolita mostra que, para falar de identidade compartida, se deve falar de dignidade; ela é uma questão ética fundamental. Posto que a pessoa não pode ser reduzida à metade, diminuir o valor do outro é atentar contra sua dignidade, pois é digno em tanto seja pessoa. A identidade não nos dignifica, mas a dignidade nos identifica. Isto é importante na hora de reunir diversas culturas numa mesma cidade. A identidade cosmopolita global acolhe a pluralidade dos seres humanos que povoam a terra.
A construção da identidade é um fenômeno que se produz em referência aos critérios de aceitabilidade, de admissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociação direta com outros [...] ninguém pode construir uma autoimagem isenta de mudança, de negociação, de transformação em função dos outros. (POLLACK, 1992, p. 204).
O cosmopolitismo projeta um cidadão universal, como diria Diógenes Laercio “Sou um cidadão do mundo”. Caraterizado pelo seu caráter simples, autêntico e subversivo que despreza todas as convenções sociais e reviste-se do cinismo pós- moderno; o anseio de conseguir a “cidadania global” cuja nacionalidade se vincula a esperanças globais; e uma compreensão ampla de outras culturas e costumes, procura um pensar e sentir além da nação. O cosmopolita é um reinventor de culturas, é um estrangeiro na sua própria cidade, ele é estrangeiro para si mesmo, ao contrário da pessoa que vive sua vida em lugares calmos onde a rotina é sua companheira.
A retorica do cosmopolitismo conduz a procura de uma nova maneira de ver e edificar o mundo, quase como algo próprio da natureza (como o salmão, o indivíduo é capaz de se tornar versátil navegando em aguas doces e salgadas recorrer enormes distancias, e até fazer sacrifícios extremos, incluída a morte, para deixar a sua prole perspectivas mais amplas de vida) que procura dar a nova geração melhores chances e oportunidades de desenvolvimento e vida, tendo uma atitude positiva em relação às diferenças; existe um desejo para construir alianças amplas e comunidades globais iguais e pacificas de cidadãos que deveriam ser capazes de comunicar-se além das fronteiras culturais e sociais formando uma sociedade universalista. Mas, nem sempre, a ilusão se torna uma realidade.
Pois, procurando se tornar um nómade autónomo e carregando com ele o controle de seu destino e vida, como Diógenes carregando com ele o seu barril; muitos acabam, infelizmente, como errantes, sem era nem beira, sem pertencer a lugar nenhum, quase tão natural como um vira lata, expostos e vulneráveis como “O Chávez”, envolvidos na desesperança de um barril sem fundo. Por suposto, logo de cuspir na cara da globalização, esta terá uma resposta certa para este cidadão do mundo; dirá ela: “Foi sem querer, querendo”. Cumpre-se assim, a palavra profética daquele motorista de ônibus que faz viagem do Nordeste para São Paulo e vice-versa que diz: “saem os iludidos e voltam os arrependidos”.
Assim, na nova construção da identidade cosmopolita, os cuidados para não criar uma fantasia, acreditando em promessas de realidade inexistentes, devem ser muitos, pois o preço do impacto cultural é alto e suas implicações dependeram do grau das condições do indivíduo. Tais promessas podem levar a pessoa num processo de aculturação o que segundo Herrera (2018, p. 45) “É uma ferramenta para a subalternização da cultura mais vulnerável e a hegemonização correspondente dos mais poderosos. Um projeto aculturador ou assimilacionista, em seu sentido negativo, é um projeto neocolonial cujo objetivo é a conquista e a hegemonia, privando o outro da sua cultura”.
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