Os líderes das igrejas já estão extremamente sobrecarregados. Como conseguirão pensar sobre as (mais teóricas) necessidades das pessoas e comunidades que estão do outro lado do mundo quando há pessoas sofrendo e morrendo nos degraus de sua porta?
...A perspectiva de que não se recuperem o terreno e o momento perdidos na mobilização de missões é assustadora.
De forma geral, quando o mundo desfruta de um período de paz e prosperidade, há aumento das aspirações altruístas, amplia-se a visão de mundo para além de onde estamos, fica mais fácil captar recursos, obter vistos e viajar para o exterior. Períodos de conflito global e convulsão econômica apresentam tendências opostas.
Podemos esperar que a capacidade de a Igreja enviar missionários para outras nações será bastante reduzida.
Estudos recentes indicam que as contribuições dos cristãos desabaram nas primeiras semanas de confinamento por conta da Covid-19. Uma pesquisa recente nos Estados Unidos com organizações sem fins lucrativos diz que metade dessas instituições esperam uma redução de 50% nas receitas. Se isso pode afetar a capacidade das igrejas do Ocidente de ministrar – e é o que está acontecendo –, então é esperado que afetará de forma mais intensa o trabalho transcultural de missões.
Missionários de outra organização foram comunicados que terão de sobreviver nos próximos seis meses com 50% do sustento em função da redução nas doações.
Quando o orçamento das igrejas encolhe, o investimento em missões transculturais, em geral, é o primeiro a ser cortado.
O novo equipamento de som, o pastor adicional para o trabalho infantil, cestas básicas para a comunidade local e outros itens ganham prioridade em detrimento de missões.
Missões no mundo não evangelizado devem ser mais impactadas que outras. É sabido por dados coletados ao longo da história que cristãos não contribuem tão generosamente quanto pretendem. Tais estudos mostram que doações para missões representam um milésimo do orçamento cristão. Dentro disso, ministérios voltados para o mundo não alcançado recebem apenas um pequeno fragmento do que é dado a missões. Ofertar para missões transculturais é sempre um ato de fé genuína. Não há garantia de retorno do investimento – pode levar anos para que se perceba qualquer avanço em um trabalho fiel. Além disso, doar para o ministério no mundo não evangelizado, muitas vezes, não permite uma conexão pessoal dos doadores com os que estão no campo em busca de alcançar quem nunca ouviu sobre o evangelho devido aos problemas de segurança envolvidos.
No entanto, o fato de ser um trabalho sem glamour significa que aqueles que exercem funções administrativas lutam ainda mais para conseguir recursos. Dessa forma, a agência precisa direcionar um percentual do apoio financeiro voltado aos trabalhadores de campo para cobrir o que é considerado uma sobrecarga essencial. A atual crise nas contribuições – e sua provável continuidade nos próximos meses ou anos – e as consequências futuras disso para a missão global exigirão uma abordagem mais revolucionária de como nos organizamos para cumprir a Grande Comissão? O próprio fato de que, ao falarmos sobre o impacto da Covid-19 em missões, o tópico perdas financeiras e custo organizacional seja abordado com tanta ênfase mostra o quanto institucionalizada tornou-se a missão!
Qualquer instituição cristã no Ocidente que não tenha se preparado (mesmo antes da Covid-19) para oferecer educação por meio de ferramentas digitais on-lineenfrentará sérios problemas, ou melhor, já está enfrentando!
A educação cristã e a formação ministerial (incluindo missiológica), como todas as outras esferas da vida, precisarão desenvolver novas estratégias para um treinamento eficaz.
Infelizmente, perda de mantenedores, desânimo, desilusão e outros senões relacionados à “vida civil” farão com que um número significativo deles (missionarios) nunca retorne ao campo.
Há quase dez anos, o setor missionário de curto prazo movimentava 2 bilhões de dólares por ano somente nos EUA. Com todas essas viagens parando, é possível descobrir como substancialmente a indústria de missões de curto prazo contribui para a Grande Comissão.
Levando em conta que a maioria das pessoas que atuaram ou atuam como missionários de longo prazo teve uma viagem de curto prazo como parte essencial de sua jornada para a missão, o esperado, a médio prazo, é que inevitavelmente haja menos pessoas para atuar como missionários de longo prazo, isso se todos os outros fatores fossem os mesmos. No cenário improvável de que as viagens missionárias de fato não agreguem nada ao esforço no serviço missionário de longo prazo, e não contribuam com nada além de um aumento de subsequentes doações e orações por missões entre os participantes, isso já é uma perda significativa.
Eu nunca encontrei um missionário que teve impacto extraordinário em seu ministério se sua vida não incluiu rendição extraordinária ao princípio de que viver é Cristo e morrer lucro.
Modelos insustentáveis de envio e missiologias inadequadas serão descartados, mais por necessidade que por vontade.
Se o modelo que demanda doadores com muito dinheiro para serem os mantenedores de missionários dedicados com salários custosos está sofrendo para persistir no Ocidente, imagine as dificuldades que tal modelo enfrenta na África, na América Latina e em grande parte da Ásia!
Povos não alcançados são justamente não alcançados pelo fato de serem os mais difíceis de se alcançar – em termos geográficos, culturais, linguísticos e espirituais. Com a interrupção dos encontros presenciais de pessoas na maior parte do mundo e de quase todas as viagens, é praticamente certo que houve declínio no evangelismo. Mesmo antes do coronavírus, estávamos perdendo terreno – o Center for the Study of Global Christianity [Centro para o Estudo do Cristianismo Global] estima que a população não evangelizada no mundo tenha um acréscimo de 70 mil pessoas todos os dias. Isso significa que o número de pessoas não evangelizadas no mundo cresce mais rapidamente do que a capacidade dos cristãos em alcançá-las: na ordem de 26 milhões por ano! Com as quarentenas impostas por conta da Covid-19, é praticamente certo que estamos perdendo terreno com mais velocidade no momento.
O sofrimento humano dos mais pobres não vai melhorar durante este tempo – muito pelo contrário. A situação desesperadora de pessoas que vivem em favelas densamente povoadas nos centros urbanos, dos que estão em situação de rua e dos milhões que estão presos nos campos de refugiados e imigrantes está ficando ainda mais complicada.
Eu espero e oro para que vejamos surgir em cristãos com espírito de missão uma onda de doações (e de disposição para ir, o mais rápido possível) a essas populações mais carentes.
Os lugares menos evangelizados tendem a ser os lugares onde o sofrimento humano é mais intenso, e onde as diferentes formas de injustiça são sentidas com mais intensidade. Não há conflito aqui, mas um grande potencial sinérgico.
Contudo, não devemos esperar que o desespero se transforme automaticamente em fome espiritual.
Un colega missionário comunicou-me sua tristeza pelo grau de fatalismo demonstrado por muitos nãos cristãos que ele tem tentado alcançar. Isso pode ser verdade entre muçulmanos, hindus e budistas. Para aqueles que creem que a vontade de Deus/dos deuses é inexorável e inevitável, tomar precauções para prevenir e superar a Covid-19 é geralmente inútil. Embora possa haver medo, há também resignação. Naturalmente, os teólogos explicarão os conceitos de qadare karma com mais nuances e sofisticação, mas a maioria das pessoas famintas ou infectadas não são teólogos.
O fundamentalismo religioso – incluindo o fundamentalismo cristão – tem aumentado nos últimos anos, em parte como uma reação à diluição da identidade tradicional fruto da disseminação do globalismo.
O nacionalismo emergente anda de mãos dadas com o extremismo religioso para agir com violenta impunidade.
A súbita interrupção na missão global e o forte declínio no envio serão um retrocesso – pelo menos inicialmente. Vamos lamentar muito a perda de trabalhadores comprometidos para atuar nos campos. A redução nas doações generosas que sustentam não apenas o trabalho de missionários, mas boa parte da Igreja nativa, acarretará prejuízo.
Esse “ponto ideal” na transição de campos missionários altamente dependentes para movimentos de igrejas nativas autossustentáveis, auto replicantes e auto teologizadas geralmente ocorre antes do que a maioria das missões estrangeiras costuma achar confortável. Um tempo como este, quando trabalhadores enfrentam dificuldades para ir ao campo, e quando as finanças são escassas, abrem espaço para os movimentos missionários locais, de base, se intensificarem.
Nas palavras atemporais de C. T. Studd: “Os recursos estão baixos novamente, aleluia! Isso significa que Deus confia em nós, e está disposto a deixar Sua reputação em nossas mãos”
Durante tempos de crise, membros de uma mesma comunidade tendem a se tornar mais próximos uns dos outros – para cuidar daqueles que dela fazem parte (algo positivo) e, às vezes, estigmatizar e excluir aqueles que não pertencem a ela (obviamente, algo ruim). A comunidade cristã, por sua vez, deve ser marcada por graça, hospitalidade, generosidade e imparcialidade. Há exemplos poderosos na história sobre como comunidades cristãs podem ser instrumentos poderosos para evangelização, começando, é claro, com o livro de Atos.
Quando servimos juntos, podemos ajudar uns aos outros a identificar os pontos cegos e a bagagem cultural [filtros] que não percebíamos ter. É como ser colocado no fogo, e entender que quem lixa nossas arestas são nossos irmãos e irmãs em Cristo. A esse processo também se dá o nome de santificação!
Famílias, comunidades e nações em geral sabem quando estão quebradas e divididas, ainda que lutem para admitir isso. Quando pessoas que, de forma geral, são inimigas [ou têm diferenças sérias] – árabes e judeus, coreanos e japoneses, negros e brancos, homens e mulheres, até mesmo torcedores do Corinthians e do Palmeiras (nosso contexto) – são vistas servindo, honrando e amando umas às outras, trabalhando juntas pela colheita... nossa, o poder [do Espírito Santo de Deus].
Não contar com o elemento expatriado [missionário estrangeiro] pode, potencialmente, proporcionar maior eficácia ao trabalho missionário – em algumas situações isso não acontece, e em outras pode não ser de imediato. Contudo, isso sempre traz prejuízo à beleza e ao poder da diversidade do corpo. Essa perda é sentida tanto pelos nacionais quanto pelos missionários estrangeiros forçados a sair – tenho ouvido relatos de missionários nativos compartilhando o quanto eles sentem falta de seus colegas de trabalho expatriados, e o quanto se sentem incompletos sem eles.
No entanto, como acontece com todos, esse isolamento oferece tempo para cultivarmos a comunidade cristã – tanto no mundo físico quanto no digital. Permite que as equipes missionárias ouçam a Deus e repensem suas estratégias. E, talvez o que seja mais significativo, abre tempo e espaço para a oração. Vamos nos aprofundar nisso em breve.
Os cristãos se tornaram conhecidos como os que deviam ser procurados quando alguma ajuda fosse necessária.
Quando os que atuam no campo missionário aceitam o risco, não têm medo da morte, amam aqueles que todos os outros abandonam e vão aonde nem o governo vai, o custo pode ser alto, mas a Igreja cresce.
La iglesia y la Pandemia
Riesgos y Oportunidades
Cuando la iglesia queda cerrada por apenas 3 sábados, el Pastor tendrá que lidiar con varios frentes que pueden agotarlo y dejarlo exhausto.
1. Enfriamiento del liderazgo y por ende de los departamentos y ministerios de la iglesia. Este enfriamiento afectará a los hermanos generando más disciplinas eclesiásticas que tornarán rígido el clima eclesiástico. Se debilita el cuerpo del liderazgo y se contará con menos personas en las juntas de iglesia.
2. Tendrá que provocar un despertar de todas las áreas de la iglesia para que vuelva a funcionar.
3. Servicios Delivery. Tendrá que lidiar con el recojo de diezmos a Domicilio, más visitas familiares porque las familias se vuelven una olla de presión, más visitas de asistencia social.
4. Tendrá que lidiar con servicios digitales. Coordinar programas y transmisiones por plataformas digitales. Puede que tenga personal que sepa la parte técnica de manejar las cámaras y luces; sin embargo deberá ser el cerebro que coordine los formatos, el público, el feedback y el alcance de estos programas.
5. Tendrá que lidiar con la agenda vigente de la iglesia. Visto que ya se asumieron compromisos anteriormente.
6. Corre el riesgo de tener una menor cantidad de recursos para la Iglesia local.
7. La cantidad de asistentes puede disminuir por derivarse a iglesias más reducidas y de barrios donde las personas viven.
8. Tendrá muchas dificultades a la hora de hacer nuevos nombramientos.
9. La fuerza Misionera para el Evangelismo Público quedará sumamente debilitada.
10. El despertar será demorado, quizás más de lo esperado.
11. Por el distanciamiento se abren más turnos temporales en la iglesia. Esto demanda más personas involucradas en el servicio y la atención, con la posibilidad de que estos turnos se tornen oficiales.
12. Existe una mayor conciencia acerca de la salud.
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